Uma das características do terceiro milênio é ser considerado o milênio da informação. O o ao mundo do conhecimento torna-se cada dia mais fácil e ível a todos que o procuram. Nunca foi tão descomplicado conhecer, adquirir conhecimento, ter o ao infinito mundo da informação.
Basta um clique ou digitar uma palavra chave nos sites de busca que em segundos um turbilhão de caminhos virtuais se torna disponível, e em muitos casos, a exemplo de um labirinto, nos sentimos perdidos em meio ao mundo infinito de possibilidades. Eis o terceiro milênio!
Não obstante a esta overdose de informação algo inusitado e proporcionalmente parece acontecer: temos informação demais e pelo visto conhecimento e sabedoria de menos. Mesmo tendo o ao universo de dados e informações ainda preferimos acreditar nas redes sociais.
Penso que a informação, que se traduz no conhecimento, a exemplo da água e o adubo, como tantas outras coisas, são essenciais e vitais para a manutenção da nossa evolução. Entretanto o que nos dá vida, pode também nos matar. Depende muito de como usamos o que temos, por isso citei a água e o adubo.
A água é um líquido indiscutivelmente necessário para a vida de todos os seres, mas podemos morrer afogados ou engasgados. Portanto, mesmo com sede não adianta cair numa piscina de qualquer forma e nem tão pouco colocar um jato de água com bastante pressão na boca. O segredo é beber satisfatoriamente e sempre, permitindo que o organismo consiga absorver.
Com o adubo é a mesma situação. Quer matar uma planta é só colocar excesso de adubo na base do caule. Por isso, uma planta para crescer e produzir o que desejamos deve ser cuidada e adubada na quantidade certa e constantemente.
Assim, dentro desta analogia, percebo que a enxurrada de informações que recebemos a todo o instante está produzindo uma consciência que vou denominar de híbrida. Uma consciência da qual nada se brota, que não vai além de si mesma.
A overdose de informações cria um ambiente de histeria, o que acaba enaltecendo as redes sociais ou os meios mais fáceis de se “conhecer” ou encontrar o que se busca. Parece estranho, mas é o que pelo visto está acontecendo.
Portanto, aguamos demais, adubamos demais e deixamos de lado a busca pela medida certa, pela constância, pela qualidade, por aquilo que realmente interessa, que é um conhecimento que possibilite a produção de outros, que colabore para uma qualidade de vida melhor, que possibilite que nos tornemos um ser humano melhor, pois como diria o filósofo Sócrates, conheça primeiro a ti mesmo, só depois terás condições de conhecer o universo.
Tem um ditado popular que diz que em muitos casos menos é mais. Toda informação é bem-vinda, todavia, precisa ser digerida, entendida e interpretada e para isto acontecer precisa estar na medida certa que cada um de nós consiga absorver.
Walber Gonçalves de Souza é professor e escritor.